Tomar o corpo em memória de...
Tomar o sangue em memória de...
Não quero blasfemar, apenas humanizar. Fazer humanidade à
imagem de... Não temos assim tantas luzes e as estrelas cadentes não viajam
todos os dias no céu. Há dias que nos esmagam. Dias que são como folhas de
papel amachucadas e atiradas para um canto, com frases frustradas de um escritor descontente
com a sua história. Mas os momentos habitam-nos na mesma. Os sentimentos
habitam-nos, na mesma. Instalam-se como se estivessem na própria casa. Mas
terão lugar próprio? Poderiamos ser sem sentir que o somos?
Como se forma um sentimento?
Em que momento é ele gerado em nós? Em que lugar do corpo? Qual a sua fonte?
Por onde cresce, como se propaga? Como se apodera do corpo? Como o possui? Em
que momento, em que nivel do jogo, se torna legitimo afirmar “amo-te”? Ou, até
mesmo, “odeio-te!”? Ou afirmar qualquer sentimento que seja? Qual a direcção de
um sentimento? Em que sentido nos move? E estamos apenas a falar de um
sentimento... mas eles são mais que as mães, mais que o individuo, mais que os
seios que os alimentam e disseminam-se como metástases.
Como é possível um corpo gerar sentimentos que o destroem?
Porquê? Qual o fundamento desta natureza? Em última análise, “'cause i’m a
material girl”, qual a utilidade dos sentimentos destruidores? Onde estava a
natureza com a cabeça? Como convida-los a saírem, quando eles nos invadem como
uma maré cheia?
Somos sentimento. Somos cálice e sangue derramado.
Somos o corpo da memória. Somos memória em carne viva.
Não te esqueças de me amar.
Merry xmas, love*
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