18.2.08

amadeo:
certo dia, quando pintava o retrato de soutine e a mão deixara de me seguir, soutine disse-me:
- bebes para te matares.
e eu perguntei-lhe:
- e tu, soutine, o que te levou à tentativa de te enforcares?
saímos, depois, em silêncio para a rua. vimos o sena latejar sob as pontes e engolir as estrelas da imensa noite de paris.

jeanne:
soutine tinha razão. os anos passaram, não muitos, e amadeo tentara arranjar coragem para deixar de beber. foi inútil, e às vezes era violento - apesar de saber que eu nunca o abandonaria.

amadeo:
jeanne pressentiu que eu não precisaria de muito tempo para realizar a minha obra. sempre vivi como um meteoro.

soutine:
a 25 de janeiro de 1920, jeanne soube da morte de amadeo. refugiou-se num quarto em casa dos pais, num quinto andar. abriu a janela e saltou para junto dele.

Al Berto

3 comentários:

miranda disse...

e com al berto provo a minha tese de sp: provavelmente, amaram-se mas a única certeza é q ambos se foderam!

Carrie (ou não) disse...

Gosto de pensar como os filósofos; mas prefiro viver como os poetas...

BOEMICES!!!!

Por vezes, a vida parece a contradição da razão... Pensa-se como se gostaria de viver...

miranda disse...

e vive-se sem pensar. morrendo sem viver... triste conclusão esta. haja quecas, pelo menos... e não se pense mais nisso!