20.2.08

A COISA FEMININA - Um pouco mais de...

“Para as mulheres, o aborrecido empecilho sexual foi sempre a «relativa ineficiência da penetração como meio para atingir um orgasmo feminino», juntamente com a sua popularidade como um acto sexual na nossa cultura, claro. Há quem diga que o problema é o facto de ser usado um modelo masculino de sexualidade para definir como devem funcionar as mulheres: prevalece um modelo de sexualidade «androcêntrico». Mesmo a linguagem que usamos é androcêntrica: como diz Shere Hite, por que não dizer «envolvimento» em vez de «penetração» quando se fala de relaxões sexuais, por exemplo?
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Não é preciso dizer que o fosso do prazer sexual não é propriamente um problema novo para o género feminino. O aspecto surpreendente da pesquisa de Maines são as provas encontradas de que, ao longo da história, a terapia sexual não chegou apenas sob a forma de livros de aconselhamento. Até muito recentemente, as curas eram feitas pondo, por assim dizer, mãos à obra. A escassez do orgasmo feminino era vista como um assunto médico e a «massagem genital para atingir o orgasmo» era um tratamento médico básico, ao longo dos séculos, realizado por médicos ou parteiras para aliviar quase todos os incómodos femininos ou queixas que uma senhora pudesse apresentar.
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A razão pela qual a produção de orgasmos femininos foi delegada nos médicos foi por ser «um trabalho que mais ninguém queria fazer», nas palavras levemente cinicas de Maine, principalmente os desgraçados dos maridos e dos amantes. Podia demorar horas. Era uma tarefa demasiado cansativa para o homem comum, mesmo partindo do principio de que ele saberia o que fazer- e não se podia realmente contar com isso.
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Mesmo quando as coisas parecem não poder ser mais coesivas na frente do prazer feminino, surge outra reviravolta: a descoberta de outra nova zona erógena feminina: o ponto G. Para as que não estão informadas, esta é uma zona especial produtora de orgasmos que se encontra na parte de cima da vagina, descoberta em 1950 por um médico alemão chamado Ernst Grafenberg* e popularizado por outro qualquer num manual de sexo epónimo em 1982. Rapidamente se tornou na grande esperança sexual feminina, e assim continua.
No Sex Inspector, Charlotte e Jamie conhecem-no através de um util diagrama anatómico que lembra as aulas de Biologia: os seus terapeutas telivisivos estão confiantes que esta informação valiosa é a chave para resolver os problemas eróticos do casal. Infelizmente, é um local anatómico que parece não existir, pelo menos segundo a perita sexual rival Shere Hite. Esperem, existe? Provavelmente é mais uma zona que um ponto. O debate continua.
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Claro que, se realmente existe, é um bebeficio- uma vez que seria o equivalente a ter um clitóris dentro da vagina em vez de inconvenientemente localizado a quilómetros de distância. O ponto G é basicamente o sitio onde o clitóris deveria estar localizado – isto é, se as relaxões sexuais fizessem realmente sentido do ponto de vista do prazer feminino.
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«Ah, o esquivo ponto G. Muitos homens, infelizmente se perderam enquanto o procuravam» (Dra Hilda). “

Laura Kipnis

(*(Carrie says: ) Porque é que pronunciar nomes em alemão estimula fantasias?!...)

1 comentário:

Anónimo disse...

ei!!!é verdade!!!por que o clitóris tem que estar tão longe da zona do "envolvimento" (gostei do termo :P)?!?!?! Aqui a sábia biologia falhou!!

O famoso ponto G...se falamos dele será que existe...não acho que seja uma lenda urbana, alguém o descobriria...

with love...B.