6.7.09

não é poesia. é um beijo na boca.

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não é poesia...é um beijo na boca.
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Gosto dos poemas que são como beijos na boca.
Beijos na boca que são como o que
Demos ontem
sentados num banco de bosque na cidade.
Porque os beijos na boca não se dão
apenas quando se encostam
lábios noutros lábios.
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Mas não existem beijos na boca
sem saliva
sem sensações arrepiantes.
Por mais irreal que o beijo seja
ele é derme e epiderme
e mais fundo ainda.
Sem ser necessário que as pessoas que o deram
se imaginem reais naquele beijo,
elas encontram a lingua do outro na sua lingua.
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Uma conversa num banco de jardim
pode ser mais quente e intensa...
com um impulso mais animalesco
de busca de Prazer,
Reprodução ou Sobrevivência.
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Minha boca na tua boca
tua boca na minha boca.
Teu mamilo no meu mamilo
meu umbigo no teu umbigo,
numa ordem decrescente de ideias...
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Senti o beijo no meu útero e no meu punho.
Em ti, Adão,
poderia amassar-te o peito
e criar-te seios.
Serias tu a sentir a dor
de amamentar as nossas crias.
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No entanto, não colámos as nossas bocas
Não demos nenhum beijo.
Se tivéssemos dado, não haveria poesia
aquela poesia que é como um beijo na boca
Beijos na boca que são como poemas.

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