15.7.10

o amor é um não-lugar estranho

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Um dia alguém irá demonstrar-nos que Aristóteles não estava totalmente certo. Não me é impossivel imaginar corpos a arrastarem lugares. Ou lugares perdidos que apenas se re-encontram com a re-aproximação de dois corpos. Ou três. Ou vários. Lugares comuns. Lugares em comum. Corpos distintos que, quando não se encontram próximos, o lugar não existe e os corpos não têm lugar-do-corpo, lugares-de-si. Perdem-se no espaço em movimentos sem sentido. Há lugares que não existem quando não estás lá e sinto-me desabitada. Incomum. Estrangeira. São lugares vazios. Lugares de ninguém. Ninguém que os reclame. Ou talvez, apenas, no sonho de um Outro. "Já aqui estive, anteriormente". Os lugares (não) fixam corpos. Os corpos fixam (não) lugares. Por mais que tentemos 'lá' voltar, há lugares que já 'lá' não estão. E nunca mais a nósregressaremos. Nós somos lugares estranhos.


Os sentimentos são lugares de passagem. Não permaneças em nenhum deles por mim. Não te habitues a habitar-me. Amanhã o sentimento poderá não cá estar. E eu não sei quando regresso.

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