22.12.11

porque nós somos a memória de alguém





Tomar o corpo em memória de...
Tomar o sangue em memória de...

Não quero blasfemar, apenas humanizar. Fazer humanidade à imagem de... Não temos assim tantas luzes e as estrelas cadentes não viajam todos os dias no céu. Há dias que nos esmagam. Dias que são como folhas de papel amachucadas e atiradas para um canto,  com frases frustradas de um escritor descontente com a sua história. Mas os momentos habitam-nos na mesma. Os sentimentos habitam-nos, na mesma. Instalam-se como se estivessem na própria casa. Mas terão lugar próprio? Poderiamos ser sem sentir que o somos?

Como se forma um sentimento?

Em que momento é ele gerado em nós? Em que lugar do corpo? Qual a sua fonte? Por onde cresce, como se propaga? Como se apodera do corpo? Como o possui? Em que momento, em que nivel do jogo, se torna legitimo afirmar “amo-te”? Ou, até mesmo, “odeio-te!”? Ou afirmar qualquer sentimento que seja? Qual a direcção de um sentimento? Em que sentido nos move? E estamos apenas a falar de um sentimento... mas eles são mais que as mães, mais que o individuo, mais que os seios que os alimentam e disseminam-se como metástases.

Como é possível um corpo gerar sentimentos que o destroem? Porquê? Qual o fundamento desta natureza? Em última análise, “'cause i’m a material girl”, qual a utilidade dos sentimentos destruidores? Onde estava a natureza com a cabeça? Como convida-los a saírem, quando eles nos invadem como uma maré cheia?

Somos sentimento. Somos cálice e sangue derramado.
Somos o corpo da memória. Somos memória em carne viva.
Não te esqueças de me amar.


Merry xmas, love*

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