13.5.12

meu amor


Desde que me juntei / vim morar / partilho / co-habito co-ELE, que tenho tido alguma dificuldade em encontrar o termo que melhor expresse esta união / relação / espécie de matrimónio não oficial, sempre que o apresento a alguém. Sou exigente com os conceitos e faz-me confusão não usar o mais correcto.

No B.I., o estado mantém-se: SOL.
No facebook, em vez de alterar o estado crónico de "it's complicated" para qualquer outro status, simplesmente decidi deixar de facultar qualquer informação acerca do mesmo. Sentir-me-ia constrangida com os likes. Neste caso, em particular, até me daria mais gozo os dis-likes.

Apesar de não gostar de pronomes possessivos, nesta situação peculiar não há como evitar. Independemente do que se lhe segue, está sempre presente, como se fosse, no fundo, a única coisa que interessasse aqui mencionar e, por vezes, salientar: meu parceiro / meu companheiro / meu namorado / meu marido / meu homem / meu amado...

(Com aquele entre-linhas, que se consegue com o tom de voz e o olhar certos, "é que nem te atrevas em sequer imaginar" - apesar de não ser uma pessoa (muito) possessiva. Imagina se fosse...!)

Ontem, enquanto caminhavamos silenciosos e lhe apertava a mão, fui-me interrogando:

"E para ti quem é ele, como é que o tratas quando falas contigo mesma a respeito dele?"

Ocorreu-me que (apesar de sempre ter evitado pirosices e pieguices) é tão simples quanto isto: MEU AMOR.

Não o meu amor, com artigo definido, masculino e singular.
Apenas meu amor. Ele é meu amor.

Ele, sujeito deste amor, não é o amor em si mesmo, identidade pura, nem tão pouco o amor dos outros. Mas é o amor existencial, pessoal, aquele que eu sinto e experimento. O amor factual, fenomenológico, tal como se me é manifestado. Só eu o VIVO e, por isso, é meu(zinho).

Não ele, a pessoa "K", que se partilha comigo, que se me entrega nos seus momentos intimos. Ele não é meu. Os seres são simplesmente, não precisam de ser de alguém. Mas o amor por ele, o modo como me entrego, como me sou para ele, como quero ser ao lado dele, esse amor sou eu.

É um meu no sentido de dentro para fora e não de fora para dentro. Um brotar, um gerar, não um agarrar, um prender.

Não há amor sem amantes e amados. Não há amor impessoal. Não há amor sem Ser (apesar de muitos seres serem fruto de amores).

Não há amor, nome, sem verbo: AMAR.

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